Doença de Alzheimer: visão geral

Atualizado pela última vez em 04/01/2024

A Doença de Alzheimer recebe o nome do médico alemão que descreveu pela primeira vez um caso de declínio cognitivo progressivo em uma mulher de 51 anos. O Dr. Alois Alzheimer acompanhou a paciente que descrevera em 1901 por vários anos. Quando a paciente faleceu, o médico examinou seu cérebro e detectou as duas características mais proeminentes da doença que leva seu nome. Alzheimer identificou a presença dos emaranhados neurofibrilares e os depósitos amilóides da placa senil. Seus achados foram publicados em 1907 e desde então o conhecimento científico tem-se acumulado sobre essa que é a principal causa de demência degenerativa.

Demências são doenças que causam um declínio progressivo, na maioria das vezes irreversível, das funções mentais tais como a memória, a atenção, a linguagem e a capacidade de planejar e executar ações complexas. No caso do Alzheimer, o declínio cognitivo é lentamente progressivo e usualmente se inicia pela perda progressiva da memória. O mais comum é que a memória de curto prazo seja afetada primeiro. Posteriormente, são as memórias cada vez mais antigas que são “apagadas” da lembrança, até o ponto em que o paciente é incapaz de recordar eventos de sua própria vida ou reconhecer seus familiares.

Nos exames de imagem(ressonância magnética e tomografia computadorizada) o que se nota é uma atrofia cerebral difusa que compromete bastante os hipocampos e complexo amigdalóide, localizados nas porções mais internas dos lobos temporais e que estão envolvidos no registro e recuperação das memórias. Conforme a doença progride, os lobos parietais também são acometidos e o indivíduo passa a ter dificuldade de orientação no espaço, podendo se perder facilmente.

Quando as porções mais laterais dos lobos temporais ficam atrofiadas, outros sintomas aparecem. Especialmente, por conta da lesão do lado esquerdo do cérebro, onde se localizam normalmente os circuitos responsáveis pela linguagem, surgem dificuldades de comunicação com alteração na capacidade de compreensão da linguagem falada ou escrita. Também a produção verbal fica empobrecida e o paciente não consegue encontrar as palavras e o nome das coisas.

Infelizmente, a doença avança de tal forma que comportamentos estranhos passam a ocorrer e sintomas depressivos, desinibição e impulsos agressivos podem se manifestar. À medida que os sistemas responsáveis pelo controle motor são desintegrados, a capacidade de caminhar e o controle das funções de excreção são perdidos. Por fim, mesmo a coordenação necessária para se alimentar é destruída, sobrevindo a morte.

Até o momento não dispomos de tratamentos curativos para a doença de Alzheimer, mas podemos administrar medicações que retardam a evolução da doença e que procuram melhorar as capacidades mentais dos pacientes. O acompanhamento com profissionais especializados permite também o controle das alterações comportamentais que frequentemente perturbam o paciente e sua família.

A sobrevida média, após o diagnóstico, varia entre 5 a 9 anos mas pode atingir até 20 anos. Isso significa uma sobrecarga para a família que muitas vezes precisa destacar alguém que estava trabalhando para ficar cuidando do doente ou contratar cuidadores, gerando custos financeiros consideráveis.

A Doença de Alzheimer é uma preocupação de saúde pública mundial. Com a expectativa de vida da população aumentando, a prevalência da doença aumenta. De fato, a partir dos 60 anos, a incidência da doença duplica a cada 5 anos, atingindo mais de 30% das pessoas acima de 85 anos. O diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer é o principal investimento da comunidade científica, na esperança de desenvolver tratamentos mais eficazes desde o início da moléstia.

Dr. Roger Taussig Soares
neurologista
crm 69239 SP

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Dr. Roger Soares é médico neurologista, nascido em 1968 no Paraná. Mora em São Paulo há mais de 30 anos e é médico credenciado dos maiores hospitais da capital paulista. Atualmente se dedica exclusivamente ao tratamento de seus pacientes particulares no consultório no Tatuapé. Gosta de escrever, aprender e provocar reflexões. "Conhecimento verdadeiro é saber a extensão da própria ignorância." Confúcio

2 respostas

  1. Resolvi fazer esta pesquisa porque tenho um idoso na família com 83 anos que após um AVC, embora controlado por uma medicação onde foi internado no hospital São Paulo, apresenta agora depois de dois meses sintomas parecidos com o mal de Alzheimer. Mas, nos da família não temos certeza se é mesmo o que ocorre com este senhor.

    1. O AVC também pode causar demência. Muitas vezes a pessoa tem demência por Alzheimer E por AVC ao mesmo tempo. No consultório fazemos a distinção entre as duas. Obrigado pelo comentário.

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