Invictus – a vitória da não-violência
Assisti ao filme “Invictus” de Clint Eastwood, estrelado por Morgan Freeman e Matt Damon. Conta a história de Nelson Mandela e sua vitória sobre o apartheid na Africa do Sul. Um filme fantástico em termos que só posso descrever como espirituais. Depois de 27 anos na prisão, Mandela foi capaz de promover a união nacional e dissolver grandes barreiras ainda existentes contra a dissolução do racismo.
É difícil não enxergar uma semelhança entre a postura de Madiba, como Mandela é chamado, com Mahatma Gandhi. Ambos desafiaram a ordem estabelecida, ambos advogados que se levantaram contra a injustiça do colonialismo e o racismo sem usar outra arma que não a cultura de paz. Gandhi era partidário da filosfia hindu que propunha ahimsa, a não-violência como forma de mudar o status quo. Mandela fez o mesmo em um país que, como a Índia de Gandhi, encontrava-se anacrônico em comparação com o resto do mundo.
O título do filme “Invictus” vem de um poema de William Ernest Henley que mostra como o espírito é maior que qualquer prisão que o mundo físico pode construir. Tal como Sócrates recusou-se a escapar de seu destino, reafirmando a liberdade do ser; Mandela saiu da prisão pronto a perdoar seu carcereiros.
Náo se trata de ceder e perdoar ou abrir mão da justiça, mas de compreender que em um ciclo de violência alguém tem que ser forte o suficiente para esquecer o passado e cultivar algo melhor. Mandela e Gandhi, duas grandes almas, dois mahatmas.
Invictus
Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll.
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
Invictus
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu – terno e espesso,
A qualquer deus – se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei – e ainda trago
Minha cabeça – embora em sangue – ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini