Alterações patológicas no Alzheimer

Atualizado pela última vez em 04/01/2024

A Doença de Alzheimer provoca uma degeneração progressiva das células cerebrais. Os neurônios não conseguem formar sinapses como deveriam e as comunicações nas redes neurais passa a se corromper. Várias alterações bioquímicas ocorrem até que as estruturas celulares sejam comprometidas e imensas alterações teciduais são necessárias para que apareçam em exames macroscópicos como a ressonância ou a tomografia. Estima-se que a ruptura do metabolismo celular normal se inicie vários anos antes das manifestações clínicas da doença e se acredita que o conhecimento dos agentes implicados nessa ruptura possa favorecer o desenvolvimento de novas estratégias de combate ao mal de Alzheimer.

O acúmulo e depósito da proteína beta-amilóide nos espaços entre as células é uma das principais características da Doença de Alzheimer. Essa proteína é codificada no cromossomo 21 e as pessoas com síndrome de Down, portadoras da trissomia do cromossomo 21 têm um alto risco de desenvolver a doença precocemente. Algumas famílias com Alzheimer pré-senil têm mutações nesse gene e produzem quantidades anormalmente grandes da proteína.

Na doença de Alzheimer, o Beta-amilóide é depositado formando polímeros na forma de beta-sheets que se apresentam como as denominadas placas senis. Duas enzimas são responsáveis pela retirada do beta-amilóide normalmente produzido, são elas a neprilisina e a enzima degradadora de insulina. Aparentemente, nos casos de Alzheimer tardio, acima dos 65 anos, ocorre uma deficiência na retirada dessa proteína que se acumula e colabora com o aparecimento da doença. Já existem compostos que marcam o beta-amilóide e que são usados em pesquisa para detectar os acúmulos em indivíduos vivos.

Outra proteína importante é a proteína tau, normalmente existente nos microtúbulos dentro dos neurônios mas que na doença de Alzheimer se torna hiperfosforilada e forma os agregados intracelulares denominados emaranhados neurofibrilares. Os depósitos de proteína tau aparecem logo a seguir dos depósitos beta-amiloides na linha do tempo da patologia.
A partir dessas alterações bioquímicas, começa a ocorrer uma diminuição do número de sinapses por neurônio o que impede a formação de novas conexões e novas memórias. À medida que a doença progride, as células nervosas começam a degenerar e morrer por um processo denominado apoptose.

Em termos macroscópicos, ocorre um afinamento do córtex cerebral, inicialmente nos lobos parietais e temporais, sendo o giro do cíngulo posterior e o pré-cuneos precocemente atingidos. Observa-se ainda um alargamento compensatório do sistema ventricular e dos sulcos entre os giros cerebrais. Adicionalmente, são identificados os corpos de Hirano, degeneração granulo-vacuolar e alterações vasculares com angiopatia amilóide.

Com a evolução da Doença de Alzheimer, vários sistemas de neurotransmissores são comprometidos. Dentre eles, nota-se uma diminuição marcada dos sistemas colinérgicos que usam a acetilcolina como meio de comunicação. A principal via colinérgica parte do núcleo basal de Meynert, no prosencéfalo basal e está envolvida nos mecanismos de memória.O conhecimento das alterações patológicas na Doença de Alzheimer vem se acumulando e estratégias terapêuticas já existem baseadas nesse conhecimento. As medicações que favorecem um aumento de acetilcolina fazem parte do tratamento de primeira linha para a doença.

Dr. Roger Taussig Soares
neurologista
crm 69239 SP

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Dr. Roger Soares é médico neurologista, nascido em 1968 no Paraná. Mora em São Paulo há mais de 30 anos e é médico credenciado dos maiores hospitais da capital paulista. Atualmente se dedica exclusivamente ao tratamento de seus pacientes particulares no consultório no Tatuapé. Gosta de escrever, aprender e provocar reflexões. "Conhecimento verdadeiro é saber a extensão da própria ignorância." Confúcio

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